Fonte : Portal Ônibus Paraibanos
Matéria / Texto : Carlos Alberto Ribeiro
Matéria / Texto : Carlos Alberto Ribeiro
Fotos : Acervo Paraíba Bus Team
Pra ver como o mundo dá voltas e ontem o que estava por cima pode hoje estar por baixo. E vice-versa. No final dos anos 80 e primeira metade dos anos 90 a Viação Itapemirim era a “toda, toda...” do mundo do transporte rodoviário de passageiros. Maior frota, maior número de passageiros transportados, maior quilometragem percorrida, quantidade de óleo diesel e lubrificante consumidos..., qualquer que fosse o parâmetro a ser avaliado à empresa de Camilo Cola se sobressaia.
Também ocupava a liderança em faturamento bruto anual. Sobre quase que todos os critérios de avaliação contábil sobressaia a Itapemirim, divisão ônibus, como a grande líder. E isso já vinha desde os anos 60. Do outro lado, vizinha de Estado, havia uma empresa chamada 1001. Já tinha alguns anos de estrada, mas não era a potência que é hoje, 2014. E ninguém poderia prever que a cliente que bateu na porta da Viação Itapemirim para adquirir alguns ônibus usados, semi-novos, menos de 20 anos depois seria a maior do Brasil.
Pois é, assim é a vida. Registra a história, mesmo sem termos os dados referentes a data da aquisição e o número de unidades adquiridas, que a 1001 resolveu negociar com a Itapemirim a compra de algumas unidades do ônibus monobloco Mercedes-Benz O-370 RSD, configurados para o serviço “Leito”, denominados como “Rodonave”. Grande sucesso nas estradas e nas rodoviárias, design revolucionário, criador de tendências, extremamente aerodinâmico, silencio e maciez ao rodar, como nenhum outro.
E como andava. Scania, que se autodenominava o “rei da estrada”, não era páreo. Também não era para menos. No caso do O-370 RSD, o veículo era empurrado pelo poderoso motor OM 355/6 LA, com potência de 326 cv e torque de 133 mkgf. Foi o primeiro motor para ônibus no Brasil a romper a barreira de 310 cv. Aliás, rompeu até de 320 cv. Abriu 21 cv de potência em relação aos motores da Scania, cujos chassis S e K 112 tinham 305 cv de potência.
Com um adendo, o torque máximo do motor Mercedes se dava numa faixa de giros 100 rpm menor do que o motor Scania. Outro adendo, a caixa de câmbio dos Mercedes tinham seis marchas. A dos Scania, cinco. Com maior torque numa faixa de giros menor do motor, com uma marcha a mais, o motor Mercedes imprimia velocidade de cruzeiro maior com menor rotação do motor. Conseqüência: mais economia, melhor relação por km/litro, maior silencio no salão de passageiros.
Era realmente um ônibus excepcional. Todos passaram a olhar pra ele. Havia filas de pessoas nas rodoviárias querendo viajar nele. A 1001 já conhecia o produto, pois desde 1986 tinha na frota dois ônibus com carroceria Marcopolo, modelo Paradiso 1400 G.IV, chassi MBB O-370 RSD. Como a Itapemirim desligava de seus serviços carros com cerca de cinco a sete anos de uso, podemos supor que entre os anos de 1993 a 1996 a 1001 decidiu comprar alguns monoblocos O-370 RSD “Rodonave”. Nem precisamos dizer que era um carrão ainda. E com o padrão “Itapemirim” de manutenção eram ônibus super conservados, inteiros.
Porém, pra “refoçar”, dar nova vida aos O-370 RSD, a 1001 modificou a frente, adotando o pára-choque, conjunto de faróis, piscas, grade dianteira e emblema do O-400, fabricados entre 1994 a 1996. Para descaracterizar e despistar o olhar atento de especialistas, que não são muitos, diga-se de passagem, foram feitas as modificações supracitadas acima. No entanto, o que denuncia o ônibus, foi mantido os piscas laterais perto das caixas de rodas. É uma característica do O-370.
Outra prova que nos remete aos O-370. O borrachão no teto, acima do para brisa. Este adereço foi removido nos O-400. Por último, com certeza, deve ter sido mantido o moto original do O-371 RSD, modelo OM-355/6 LA, Série BR 300, com 326 cv, pois o original dos O-400 era da Série BR 400, modelo OM-447 LA, com potência de 354 cv.
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